terça-feira, 20 de março de 2012

Extremos da Paixão

"Não, meu bem, não adianta bancar o distante
lá vem o amor nos dilacerar de novo..."


Andei pensando coisas. O que é raro, dirão os irônicos. Ou "o que foi?" - perguntariam os complacentes. Para estes últimos, quem sabe, escrevo. E repito: andei pensando coisas sobre amor, essa palavra sagrada. O que mais me deteve, do que pensei, era assim: a perda do amor é igual à perda da morte. Só que dói mais. Quando morre alguém que você ama, você se dói inteiro(a)- mas a morte é inevitável, portanto normal. Quando você perde alguém que você ama, e esse amor - essa pessoa - continua vivo(a), há então uma morte anormal. O NUNCA MAIS de não ter quem se ama torna-se tão irremediável quanto não ter NUNCA MAIS quem morreu. E dói mais fundo- porque se poderia ter, já que está vivo(a). Mas não se tem, nem se terá, quando o fim do amor é: NEVER.
Pensando nisso, pensei um pouco depois em Boy George: meu-amor-me-abandonou-e-sem-ele-eu-nao-vivo-então-quero-morrer-drogado. Lembrei de John Hincley Jr., apaixonado por Jodie Foster, e que escreveu a ela, em 1981: "Se você não me amar, eu matarei o presidente". E deu um tiro em Ronald Regan. A frase de Hincley é a mais significativa frase de amor do século XX. A atitude de Boy George - se não houver algo de publicitário nisso - é a mais linda atitude de amor do século XX. Penso em Werther, de Goethe. E acho lindo.
No século XX não se ama. Ninguém quer ninguém. Amar é out, é babaca, é careta. Embora persistam essas estranhas fronteiras entre paixão e loucura, entre paixão e suicídio. Não compreendo como querer o outro possa tornar-se mais forte do que querer a si próprio. Não compreendo como querer o outro possa pintar como saída de nossa solidão fatal. Mentira:compreendo sim. Mesmo consciente de que nasci sozinho do útero de minha mãe,berrando de pavor para o mundo insano,e que embarcarei sozinho num caixão rumo a sei lá o quê, além do pó.O que ou quem cruzo entre esses dois portos gelados da solidão é mera viagem: véu de maya,ilusão,passatempo.E exigimos o terno do perecível,loucos.

Depois, pensei também em Adèle Hugo, filha de Victor Hugo. A Adèle H. de François Truffaut, vivida por Isabelle Adjani. Adèle apaixonou-se por um homem. Ele não a queria. Ela o seguiu aos Estados Unidos, ao Caribe, escrevendo cartas jamais respondidas, rastejando por amor. Enlouqueceu mendigando a atenção dele. Certo dia, em Barbados, esbarraram na rua. Ele a olhou. Ela, louca de amor por ele, não o reconheceu. Ele havia deixado de ser ele: transformara-se em símbolosem face nem corpo da paixão e da loucura dela. Não era mais ele: ela amava alguém que não existia mais, objetivamente. Existia somente dentro dela. Adèle morreu no hospício, escrevendo cartas (a ele: "É para você, para você que eu escrevo" - dizia Ana C.) numa língua que, até hoje, ninguém conseguiu decifrar.
Andei pensando em Adèle H., em Boy George e em John Hincley Jr. Andei pensando nesses extremos da paixão, quando te amo tanto e tão além do meu ego que - se você não me ama: eu enlouqueço, eu me suicido com heroína ou eu mato o presidente. Me veio um fundo desprezo pela minha/nossa dor mediana, pela minha/nossa rejeição amorosa desempenhando papéis tipo sou-forte-seguro-essa-sou-mais-eu. Que imensa miséria o grande amor - depois do não, depois do fim - reduzir-se a duas ou três frases frias ou sarcásticas. Num bar qualquer, numa esquina da vida.
Ai que dor: que dor sentida e portuguesa de Fernando Pessoa - muito mais sábio -, que nunca caiu nessas ciladas. Pois como já dizia Drummond, "o amor car(o,a,) colega esse não consola nunca de núncaras". E apesar de tudo eu penso sim, eu digo sim, eu quero Sins.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Faça com que a solidão não me destrua.
Faça com que minha solidão me sirva de companhia. 
Faça com que eu tenha a coragem de me enfrentar.
Faça com que eu saiba ficar com o nada
e mesmo assim me sentir
como se estivesse plena de tudo.
Receba em teus braços
o meu pecado de pensar.

segunda-feira, 5 de março de 2012

por favor, Senhor!

Eu ando me contendo a tempos, mas eu não aguento mais, ando com um grito de desespero preso na minha garganta, ando com uma necessidade de me isolar, ando com medo das pessoas ao meu redor, medo de me falarem algo e eu não aguentar, eu to muito machucada, minha auto-estima não existe mais, eu já não sinto que tenho amigos, ultimamente parece que todos que vivem longe de mim, vivem felizes, parece que eu faço qualquer um ficar triste, eu não aguento mais ser julgada, não aguento ser olhada, não quer dizer que eu me importe com a opinião dos outros, quer dizer que eu não sinto mais que tenho apoio de ninguém, eu tenho a minha mãe, mas a minha mãe já tem problemas o suficiente, e se eu falar algo com ela, vou me sentir pior de deixar minha mãe preocupada, tenho meu irmão, mas é a mesma situação, meu pai tá doente e eu não consigo criar coragem pra ir ver ele, por tudo que ele já me disse que me feriu, meu namorado... deixa pra lá. Eu não sei mais se tenho amigos, eu não sinto que tenho alguém para me apoiar caso as coisas ficassem difíceis, a verdade é que as pessoas só querem você perto quando você não tem problemas, ninguém quer mesmo saber se você ta bem, quando pergunta, todos só estão esperando uma oportunidade pra te machucar um pouquinho mais, exceto sua família, quando você chega num ponto em que, tudo que você queria era sumir do mundo, quando você acha que ninguém sentiria sua falta, e quem realmente sentisse, ficaria melhor sem você, mas nem coragem de dar um passo a frente você tem. Sem saída, sem rumo, sem saber ponto inicial, sem ponto final, eu só queria sumir da vista de todo mundo, eu só queria saber quem de verdade de importaria comigo, estou cansada de tanta promessa, de tanta mentira, de tanta gente que só sabe olhar pra si próprio, que só quer beneficio próprio, que fala e fala das pessoas sem parar. Cansei de viver, cansei de estar aqui, mas nunca faria nada para parar com isso, porque quem me deixou viver, nunca vai merecer que eu não aproveite esse dom de viver.

quinta-feira, 1 de março de 2012

Amor, Amor, Amor


Eu não estou nos procurando e nem você deveria, absolutamente deslumbrante.
Que nada que eu digo é verdade. Você não se achará nestes olhos culpados.
Porque eu amo qualquer pessoa que seja besta o bastante para acreditar.
E você é só mais uma que partiu o coração comigo.
E assim eu digo que eu não a amo, embora me mate.
É uma mentira que a deixa livre.
Amor, amor, amor
Eu não posso ter o seu amor, amor, amor.
E assim eu digo que eu não a amo, embora me mate.
É uma mentira que a deixa livre.
Eu embrulharei meu corpo nos braços de outras mulheres.
Faço amor com pressa, sinto-me melhor do que estou.
Espero que você se ache, nos olhos de outro alguém.




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